A Transversalidade da conciliação
A conciliação como ferramenta de Gestão e não como objetivo último
Depois de anos de intenso trabalho aprendemos através da nossa experiência como acontece a conciliação numa sociedade avançada como a nossa e, com a sorte de estarmos rodeados de muitos especialistas na matéria, construímos: A NOSSA VISÃO DA CONCILIAÇÃO.
A conciliação não é um fim, é um meio. Conciliamos para conseguir algo e quanto mais importante e mais transcendente é esse algo, mais determinante é a conciliação.
Num sistema complexo como o socio-laboral, com muitos, quase infinitos, graus de liberdade, as relações causa-efeito são consecutivas e são muito complicadas de prever e de ajustar a modelos e equações. Falando no âmbito da Termodinâmica, poderíamos falar de modelos distantes do equilíbrio e nos quais a entropia (que é uma forma de medir a complexidade) e o caos aumentam constantemente.
Neste panorama, a conciliação é a causa de muitos efeitos. Na Fundación Másfamilia temos identificadas 40 causas ou impactos distintos.
Na seguinte figura apresentamos graficamente estas relações causa-efeito, em dois grandes grupos – o interno (negócio ou atividade) e o externo (RSE - Responsabilidade Social Empresarial).
Nela podemos ver uma das características essenciais da conciliação, a sua TRANSVERSALIDADE ou, como se tem denominado no âmbito da UE “o mainstreaming da conciliação e, em geral, das políticas relacionadas com a família”.
Mas, além disso, a maioria destes efeitos são novamente causas da conciliação, gerando um complexo de retroalimentação contínua de difícil previsão.
O que parece razoável, e é no que vamos centrar o nosso trabalho, aproveitando a gentil oportunidade que nos oferece o Observatório dos RH é em aprofundar alguns destes cruzamentos, os mais significativos e mais ilustrativos.
Para cada um destes cruzamentos queremos:
Com isso pretendemos oferecer informação e soluções para que as organizações que queiram melhorar os seus resultados em alguma destas áreas (compromisso, clima laboral, …) possam utilizar a ferramenta CONCILIAÇÃO da maneira mais eficaz e eficiente.
É um princípio de Gestão básico e universal, priorizar e centrar os esforços em algumas áreas e objetivos, de forma a não dispersarmos e colocarmos em risco o resultado final. Não é razoável utilizar a ferramenta CONCILIAÇÃO para obter resultados simultaneamente em 40 áreas distintas!
Claro que é suportado por uma boa Gestão o facto de que se pode e deve mudar o interesse em alguma destas áreas, conforme vamos avançando nos resultados.
Seria razoável o seguinte exemplo:
Uma organização utiliza a ferramenta CONCILIAÇÃO para atrair seletivamente um talento, por exemplo, uma mulher. Após 3-4 anos, tendo melhorado substancialmente o rácio de mulheres, deixa de colocar toda a enfase neste aspeto para passar a melhorar a compensação segundo critérios de equidade e eficiência na retribuição.
Uma mesma ferramenta utilizada em interesses distintos e proporcionando resultados distintos seria a autêntica Gestão excelente da CONCILIAÇÃO.
Roberto Martínez
Diretor da Fundación Másfamilia