Hoje, mais do que nunca, as questões ambientais ganham relevância nas tomadas de decisão dos agentes económicos. Para atingir os seus objetivos estratégicos, as gestões de topo têm vindo a integrar políticas ambientais nas suas atividades. De facto, o crescimento da economia, impulsionado pelo desenvolvimento industrial e tecnológico, tende ao aumento dos padrões de consumo de recursos - bióticos renováveis e abióticos não-renováveis - bem como ao aumento dos encargos e pressões sobre o meio ambiente. Existe, então, uma maior preocupação em assegurar a sustentabilidade da Terra, reduzindo também os impactes ambientais das atividades, de forma a não comprometer futuras gerações.
Neste sentido, todas as empresas dos Estados-Membros, de direito público ou privado, desempenham um papel crucial. As pequenas e médias empresas (PME) representam mais de 99% das atividades económicas de toda a Europa tendo, por isso, um impacte ambiental coletivo significativo. Porém, a maioria destas não dispõe de competências técnicas ou recursos para aferir ou comunicar o seu desempenho ambiental às partes interessadas que, por sua vez, exigem medições fiáveis e informações corretas para tomar decisões em matéria do ambiente.
Posto isto, desenvolvi, em conjunto com a XZ Consultores, uma ferramenta informática que possibilita a medição quantificada do potencial desempenho ambiental de uma empresa, tendo como objetivo incentivar, numa aplicação interna, ao apoio à gestão ambiental, à identificação dos pontos críticos ambientais e à melhoria do desempenho ambiental, podendo alcançar, implicitamente, oportunidades de redução de custos. Esta ferramenta baseia-se na metodologia europeia da Recomendação de Comissão 2013/179/EU em vigor, sobre a utilização de métodos comuns para a avaliação e comunicação do desempenho ambiental de produtos e organizações. O objetivo desta iniciativa foi o de superar a fragmentação do mercado interno no que respeita aos vários métodos e iniciativas de medição existentes e constituir, desde então, o método de referência para o fornecimento de informações fiáveis às partes interessadas.
A avaliação do desempenho ambiental é caracterizada por uma abordagem abrangente dos impactes ambientais e, por isso, o resultado final é a pegada ambiental. Nesta estão incluídas as seguintes categorias de impacte ambiental: alterações climáticas, depleção de ozono estratosférico, formação de ozono troposférico, poluição de partículas inaláveis, acidificação, eutrofização, escassez de água e de recursos abióticos, bem como os respetivos modelos de caracterização amplamente reconhecidos.
Complementarmente, no âmbito da categoria das alterações climáticas, foi adaptado o Protocolo sobre Gases com Efeito de Estufa (GEE) para a monitorização e contabilização de emissões de GEE de uma empresa, nas fontes de emissão diretas (fontes fixas, fontes móveis e fontes nos equipamentos de ar condicionado e refrigeração) e indiretas, relativas à aquisição e consumo de energia elétrica. Da aplicação na XZ Consultores, referente ao ano de 2017, resultou uma pegada de carbono de 145 toneladas equivalentes de CO2 e, tendo sido identificado o ponto crítico, estão a ser planeadas ações de melhoria para reduzir as suas emissões de GEE.
Em suma, a ferramenta procura apoiar as PME na determinação dos seus impactes ambientais. Tendo margem para melhoria, a ferramenta poderá, ainda, vir a integrar bases de dados de ciclo de vida de produtos.
Tiago Oliveira