Entrevista // Nuno Ferreira // Coordenador e Membro do Conselho de Gestão da ANJE

Como avalia a capacidade e o desempenho inovador do nosso tecido empresarial?

Nas últimas décadas, Portugal viu o seu sistema científico e tecnológico desenvolver-se de forma extraordinária. As universidades portuguesas melhoraram a qualidade do seu ensino e passaram a produzir investigação de ponta, ao mesmo tempo que os centros de I&D nacionais se tornaram internacionalmente mais competitivos. Ora, este upgrade teve efeitos económicos positivos, mercê da conversão de conhecimento altamente especializado em produtos e serviços inovadores. A articulação entre empresas e agentes de inovação, designadamente universidades, laboratórios de investigação e centros de I&D, assume-se como sendo fundamental para criar massa crítica ao nível do empreendedorismo tecnológico. O match entre a inovação tecnológica e a criatividade tem sido, aliás, determinante para o reforço da competitividade à escala global.

A aquisição de conhecimentos tecnológicos pelas empresas tornou-se uma prática comum em todas as partes do mundo, principalmente em países desenvolvidos e emergentes. Essa prática torna-se crítica, uma vez que permite às empresas não somente sobreviver, como também evoluir perante um mercado cada vez mais dinâmico, complexo e exigente. Esse exercício impulsiona ciclos cada vez menores de proteção, divulgação e comercialização de tecnologias oriundas de universidades.

O grande entrave tem a ver com a ligação entre as Universidades e as empresas uma vez que se relacionam de forma insuficiente e, por isso, a adoção de tecnologias criadoras de riqueza, seja através do melhoramento de processos correntes ou através da pura inovação disruptiva, não tem estado dentro dos níveis desejáveis. Existindo, desta forma, uma considerável margem de crescimento no aprofundamento desta imperiosa relação/cooperação.

Qual o objetivo do Programa e quais os Promotores;

O projeto tem por objetivo estimular a criação de novas empresas e/ou novas áreas de negócio através da transferência de tecnologia e conhecimento, promovendo o encontro entre o tecido produtivo e a investigação/inovação universitária. Visa ainda melhorar as condições para o surgimento de novas iniciativas empreendedoras, criando ambientes empresariais, baseados num melhor conhecimento entre a Universidade e os Negócios, e a promoção da inovação aberta. O projeto tem como promotores, por parte de Espanha, a (UNINOVA) Sociedade para a Promoción de Iniciativas Empresariais Innovadoras, S.L., a Asociación Área Empresarial do Tambre, a Cámara Oficial de Comercio, Industria, Servicios y Navegación de Santiago de Compostela e o  IGAPE-Instituto Gallego de Promoción Económica, e por parte de Portugal, a ANJE e a Universidade do Porto.

Quais as atividades enquadradas neste programa e quais as empresas que podem participar?

As atividades apresentam um fio condutor entre elas. Na atividade 1 identificamos e selecionamos mentores, criando assim uma rede de mentores, que apoiarão, numa fase posterior, os investigadores. Na atividade 2, o objetivo é promover o encontro entre as necessidades empresariais e as soluções académicas para alcançar um Núcleo Local de Transferência de inovação e tecnologia entre empresas e universidades, que seja útil e sustentável ao longo do tempo. Pretende-se captar um mínimo de 10 empresas que tenham interesse em participar no projeto, uma vez que estas necessitam recorrer à investigação nas universidades para colmatar a falta de soluções tecnológicas e que podem ser efetivadas através da criação de spin off. Uma vez selecionadas as iniciativas de negócio, com a atividade 3, estas serão beneficiárias do processo de acompanhamento previsto nos núcleos de transferência locais. Será iniciado o processo aceleração e criação de novas empresas. Por último, na atividade 4, o projeto desenvolverá ações que contribuam para alcançar o financiamento necessário que garanta a viabilidade das iniciativas, apoiando assim, as empresas de base tecnológica criadas.

Como é que as empresas interessadas se podem inscrever para participar?

As empresas podem recorrer ao site do projeto http://spinup-project.eu ou contactar diretamente qualquer parceiro do projeto.

Nuno Ferreira
Coordenador e Membro do Conselho de Gestão da ANJE

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