Portugal tem assistido, nos últimos meses, a uma crescente sangria de um conjunto de recursos humanos detentores de uma elevada qualificação, alguns dos quais com um conhecimento profundo consequência da sua vastíssima experiência profissional.
A generalidade das causas deste movimento, classificado por alguns de “Emigração dos detentores de conhecimento”, estão diagnosticadas, assim como é comum aceitar que, mais uma vez, Portugal fez um significativo investimento na sua formação e o efeito do mesmo é usufruído por outros países que desta forma vão enriquecendo.
Este movimento é seguramente diferente do vivido por muitos dos nossos compatriotas quando nos anos 60 atravessarem montes e vales e pularam fronteiras para ganharem o sustento para as suas famílias em terras francesas, ou mesmo do que conduziu, no final da década de 60 e inicio de 70, a que muitos portugueses optassem por tentar a sua sorte em Angola o Moçambique, e porque não referi-lo, do mais recente fluxo de portugueses para a Suíça nos anos 90.
O atual é um movimento de intelectuais, de quadros, de trabalhadores do conhecimento, de profissionais que podem optar por trabalhar em Londres, na Austrália, em Nova Iorque ou em Luanda, profissionais que hoje estão em Paris, amanha em Bruxelas e depois em Amesterdão, profissionais que ocupam funções nas áreas tecnológicas, no mundo da investigação cientifica, nas melhores universidades norte-americanas, na city londrina, …
Efetivamente este não é um fluxo de emigração, mas sim de mobilidade de talentos, atraídos e estimulados por novos desafios que não se resumem apenas a motivações financeiras.
A grande questão não deve ser “impedir a sua saída”, mas sim como “atrair o seu regresso”, como cativar estes talentos, este património, certamente mais maduro, mais exigente, mais competente, mais empreendedor, mais gestor, do que quando nos abandonaram.
A economia nacional, diria a sociedade portuguesa, tem de assumir este desígnio: transformar cada um destes profissionais num ativo, quer no país no qual estão a desenvolver a sua atividade profissional, quer no momento de regresse.
Como fazê-lo, eis a grande questão.
Júlio Faceira Guedes
XZ Consultores, SA