Saúde no Trabalho | O que é afinal ser enfermeiro(a) do trabalho?

"Considero que seja uma ótima pergunta. Geralmente, a maioria das pessoas respondem sem hesitar: “é quem faz os exames de medicina do trabalho”.

O que me faz questionar, será que ser enfermeiro(a) do trabalho se resume apenas à realização dos exames complementares de diagnóstico?

Refletindo um pouco sobre um dia de trabalho comum e todas as atividades que habitualmente realizamos, somos sem dúvida prestadores de cuidados.

O/A enfermeiro(a) realiza uma vasta gama de exames complementares, seja no âmbito da cardiologia (eletrocardiograma), pneumologia (espirometria), audiologia (audiometria aérea ou óssea) mas também, colheitas para realização de análises clínicas, bem como diferentes testes rápidos de glicemia capilar, urina, colesterol, entre outros.

Face aos resultados dos exames e a toda a informação que vai recolhendo durante a consulta, determina as necessidades de saúde, aconselha para a redução de riscos, articula com o(a) médico(a) o resultado do exame e a necessidade de encaminhamento para outros profissionais. 

Ainda no âmbito da prestação de cuidados verifica o plano de vacinação, administra vacinas e em outros casos poderá até administrar medicação e prestar os primeiros socorros.

Outra competência que se destaca nas nossas tarefas diárias é a organização e coordenação. Normalmente o enfermeiro:

  • agiliza com o responsável das empresas as convocatórias dos trabalhadores de modo a garantir que todos compareçam como esperado;
  • agiliza com o trabalhador, quando necessário, a entrega de outros exames já realizados ou documento importante para a avaliação da sua aptidão;
  • organiza os processos clínicos e faz a articulação entre os serviços administrativos da Clínica SBE e o cliente, ou seja, poderemos dizer que somos coordenadores dos serviços de saúde. 

Para além disso, dado o teor dos assuntos existentes entre trabalhador e entidade empregadora, parte dos quais alvo de sigilo profissional, o(a) enfermeiro(a) encontra-se numa posição privilegiada para, sem nunca quebrar esse ponto, defender os interesses de todas as partes.

Outra atividade, para além da realização de exames, exercida muitas vezes pelo(a)  enfermeiro(a) é o desenvolvimento e realização de ações de sensibilização e formação em áreas como:

  1. riscos profissionais;
  2. estilos de vida saudáveis;
  3. primeiros socorros;
  4. ergonomia

Em vários clientes são ainda desenvolvidas outras atividades, além dos exames e consultas, como reuniões com os representantes das empresas, visitas aos postos de trabalho, …, situações em que o(a) enfermeiro(a), é uma parte integrante da equipa de saúde, colabora na análise de aptidão condicionada, prevenção de doença e acidentes, proteção de riscos ocupacionais e definição de medidas de vigilância e promoção de saúde.

Serão estas características, na minha opinião, que fazem o(a) enfermeiro(a) especialista em enfermagem do trabalho. Todavia, tal apenas é possível quando o(a) enfermeiro(a) possui conhecimento e formação em matéria de saúde ocupacional (Orientação nº 001/2019 da DGS).

Em jeito de conclusão, é um a facto que a maioria das empresas prestadoras de serviços de Saúde Ocupacional e até mesmo os empregadores têm geralmente uma visão extremamente limitada relativa às potencialidades destes profissionais, porém, refletindo sobre todas as competências e áreas de atuação, podemos atribuir ao enfermeiro(a) do trabalho o desempenho de diversos papéis, consoante as caraterísticas do contexto onde atuam sendo, legítimo aos olhos de várias entidades como a DGS (Direção Geral de Saúde) ou a OMS (Organização Mundial de Saúde) o contributo global da enfermagem do trabalho para a saúde do trabalhador, empresa e para a sociedade.

Diva Faria

Enfermeira do Trabalho

Clínica SBE

 

 

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