Os novos desenvolvimentos tecnológicos, sociais, políticos, ambientais e económicos, assim como as novas exigências legais e regulamentares e as novas expectativas das partes interessadas, induzem novos riscos à sustentabilidade de qualquer organização, alguns dos quais há muito presentes e considerados na sua gestão, mas outros inequivocamente emergentes, tais como os riscos cibernéticos, os inerentes aos organismos geneticamente modificados, os decorrentes da evolução da nanotecnologia, ….
Quaisquer que sejam as opções enquadradas na orientação estratégica de uma organização, o risco está presente, sendo propósito da liderança determiná-lo e geri-lo.
Para tal, constituirá uma boa prática de gestão identificar as questões internas e externas que podem influenciar a focalização da organização das orientações estratégicas que definiu, ou mesmo, concretizá-las quando tais intenções são definidas numa linguagem quantitativa.
Gerir o resultado da análise das questões internas e externas torna-se imprescindível para, por exemplo, minimizar a incerteza e o impacto das ameaças e fragilidades, valorizar as oportunidades e os pontos fortes.
Independentemente da natureza, complexidade e interação das operações realizadas pelas organizações, todas, sem qualquer exceção podem integrar riscos e induzi-los a montante ou a jusante.
Quando selecionamos um fornecedor e tomamos a decisão de adquirir determinado bem ou serviço, procuramos reduzir o risco, quer em termos da probabilidade da sua ocorrência, quer do seu impacto, quando o mesmo acontece.
Quando, com base numa análise comparativa entre a capacidade de produção instalada e a procura do mercado, acordamos com o cliente um prazo de entrega, fazemo-lo procurando reduzir o risco do não cumprimento.
Muitos outros exemplos poderíamos enumerar para reconfirmar que o risco também está presente na operação, sendo o mesmo agravado não só por uma crescente incerteza, social, tecnológica, …, mas também por um conjunto de fatores imprevisíveis e aleatórios, cuja monitorização e gestão é cada vez mais complexa e exigente.
A gestão do risco exige uma análise planeada, sistematizada, sustentada em dados fiáveis, rigorosa, prudente, alinhada com a estratégia e operação, mas com … muito bom senso. Ter a ambição de tudo medir e exigir que qualquer que seja o resultado, o mesmo seja reduzido, pode exigir recursos, que são cada vez mais escassos, constituir um custo, não pago pelo cliente, desmobilizar os acionistas e culpabilizar os sistemas de gestão pelos excessos que a concorrência já não perdoa, recordando que cada um dos diferentes sistemas de gestão, por exemplo o da qualidade, o do ambiente, o da segurança no trabalho, tem a sua missão no contexto da gestão de uma organização.
Num quadro de crescente incerteza, insuficiência, mudança constante, ás vezes disruptiva, profunda alteração dos modelos de negócio e indesmentível reposicionamento da cadeia de valor, a gestão de uma organização deve estar focalizada na gestão dos seus ativos e dos fatores críticos de sucesso.
Júlio Faceira Guedes (Administrador, XZ Consultores, SA)