O elevadíssimo, e imprevisível, fluxo de refugiados e migrantes que diariamente chega à Europa, proveniente, em particular da Síria, país no qual a ofensiva do grupo jihadista Estado Islâmico e a longa duração da guerra, têm conduzido à morte, à destruição, à fome, à pobreza, ao desespero de uma importante parte da sua população, exige uma resposta socialmente aceitável, inovadora, imediata, partilhada e com resultados que se espera sejam imediatos.
A Europa confronta-se com o maior fluxo de refugiados desde a Segunda Guerra Mundial. Só a Alemanha prevê receber, em 2015, 800.000 pedidos de asilo ou seja, quatro vezes mais do que em 2014.
Contudo a questão não se resume apenas aos que chegam à Europa, mas também aos mais de 3000 que perderam a vida na viagem e aos muitos milhares que permanecem nesse país, sofrendo as consequência de uma guerra destruidora, sem regras e com tendência para se agravar.
A resposta a esta crise humanitária exige um envolvimento, não só dos governos europeus, mas também da silenciosa sociedade civil que não pode continuar a assumir a passividade que nos caracteriza enquanto não somos diretamente influenciados.
A resposta a este desafio deve ser inovadora, ou seja não se deve resumir ao assistencialismo de curto prazo, mas promover o desenvolvimento de soluções duráveis que perduram no tempo e que permitam que estes “novos europeus” se integrem social e economicamente na sociedade e contribuam para o seu desenvolvimento.
Tal exige também o reforço da solidariedade na sua inclusão, respeitando os seus valores, a sua cultura e a sua religião, e assegure a coesão entre a população que os recebe e os migrantes que chegam.
Os recursos que a generalidade dos governos disponibilizarão serão manifestamente insuficientes e como tal espera-se que as empresas e as famílias possam ir além da filantropia e da responsabilidade social “assistencialista”, inovando no modo como contribuem para a solução da atual crise social assumindo o seu contributo, não como caridade mas sim como a criação de valor partilhado cujo resultado será distribuído a médio prazo.
Migrantes exemplarmente integrados, assegurarão a sua empregabilidade e contribuíram, com o seu trabalho, para a criação de riqueza para a sociedade que investiu na sua integração.
Sendo a inovação social uma resposta nova e socialmente reconhecida, que tem como propósito gerar mudança social, orienta-se para a concretização de três objetivos fundamentais:
Efetivamente a inovação social tem propósitos específicos, que eventualmente podem também incluir o lucro, mas que são mais amplos, incluindo o reconhecimento, a inclusão, a identidade, a autonomia, etc.
A emergência e a intensidade do atual, e real, desafio colocado pelos migrantes exige, de todos nós, um novo olhar, soluções equilibradas e inovadoras, devendo ser assumido por todos, e não apenas pelos gregos, italianos ou alemães.
No passado recente, a Europa já se confrontou como movimentos migratórios intensos e constantes. Contudo nenhum teve a dimensão do atual, nenhum enquadrou migrantes com as características dos atuais, nenhum representou uma tão grande oportunidade e risco como o atual, nenhum exigiu um investimento, financeiro, humanos e social, como o atual se não inovarmos nas soluções.
A resposta tem de ser equilibrada, aceite, partilhada e vivida por todos, assumindo-se que a sua implementação se vai prolongar durante os próximos anos, podendo exigir um novo esforço financeiro á Europa mais rica.
O sofrimento, a revolta, o sentimento de culpabilização e indiferença, a frustração e as lágrimas provocadas pela imagem do cadáver de uma criança numa praia turca exigem da sociedade, não só europeia, uma resposta rápida, urgente e inovadora.
Júlio Faceira Guedes, Administrador da
XZ Consultores, SA