Numa economia globalizada, imprevisível e fortemente influenciada, não só, pela rápida e dramática evolução das tecnologias de comunicação e informação, e da tecnologia em geral, mas também pela desconcertante descontinuidade das tecnologias, conceitos e modelos de negócio recentemente lançadas no mercado, a titânica luta pela proteção do novo conhecimento e das novas tecnologias, como estratégia para otimizar as janelas de oportunidades, frequentemente associadas ao período imediatamente seguinte ao lançamento de algo novo, e impedir a sua utilização pelos concorrentes, constitui um fator critico para a sustentabilidade das Organizações, que, perante ciclos de vida dos seus produtos cada vez mais curtos, reconhecem a necessidade de proteger e valorizar as suas inovações, em particular as inovações disruptivas ou aquelas que se podem assumir como uma novidade para o mercado.
Neste contexto a decisão de patentear algo novo, resultante de atividades de investigação, de base e/ou aplicada, é cada vez mais aprofundada e equacionada como uma opção, obviamente com vantagens, mas também com exigências, económicas e não só, que alguns consideram como uma barreira à opção de patentear.
Uma análise mais sustentada, obriga-nos a colocar algumas questões, não só aos investigadores, mas também aos empresários e gestores:
Patentear não deve constituir o objetivo fundamental das atividades de investigação, mas a evolução do número de patentes em Portugal constitui, inegavelmente um sintoma que nos permite concluir da necessidade, para não referir da obrigatoriedade, de reavaliarmos, reorientarmos e reposicionarmos as estratégias, os programas, as metodologias, os instrumentos, as fontes de financiamento, os recursos, …., que utilizamos nas atividades de investigação, desenvolvimento e inovação.
Não podemos continuar a reivindicar aumentos dos orçamentos para os Centros de Investigação, assim como mais incentivos para as empresas inovarem, sem exigirmos que, em conjunto, contribuam com mais riqueza para o país, pelo menos com riqueza proporcional ao investimento que a sociedade, direta e indiretamente, faz nestas entidades.
Aos Centros de Investigação temos de exigir que estabeleçam melhores relações com as empresas, que investiguem o que pode ser valorizado por estas, que desenvolvam projetos comuns, com resultados avaliados pelo mercado e auditáveis nas contas de exploração das empresas parceiras.
Às empresas devemos exigir que provem que inovam, não com intenções sempre presentes nos discursos dos seus Gestores, mas com evidentes resultados económico-financeiros.
Os modelos de gestão dos Centros de Investigação deve ser repensado, orientado para o mercado, com políticas comerciais agressivas, reconhecendo-se que o produto que podem colocar no mercado é, não só o conhecimento detido pelos seus investigadores, mas também a capacidade destes criarem novo conhecimento que satisfaça os objetivos e necessidades das empresas suas clientes.
Júlio Faceira Guedes, Administrador da
XZ Consultores, SA